Uma vez traçadas as nossas linhas de discussão das razões internas e externas da construção de um país no território português, podemos exigir das nossas conclusões respostas a perguntas adicionais. , exercício que é também um teste aos resultados a que chegámos. Uma primeira pergunta adicional é a de saber se a construção de uma nova entidade política trouxe ou não benefícios de desenvolvimento ou estabilidade social, militar, material; uma segunda é se Portugal serve de matriz de leitura para a mesma pergunta estendida a toda a Europa. Sabemos agora que a criação do Estado português foi distinta da dos estados criados por conquista e supremacia financeira três ou quatro séculos depois. Mas poderemos saber se os os resultados foram diferentes? Ficou melhor governado, mais bem defendido, mais estável, mais produtivo o território português sob o novo reino? provavelmente sim. Assim como o território europeu circundante? Provavelmente sim. A nova entidade política criou uma organização que se mostrou útil à preservação da paz e da prosperidade - é uma hipótese plausível a explorar. Tautologicamente, tal hipótese explicaria a permanência da nova solução política. Todavia, os séculos seguintes viriam a ser muito críticos quanto ao novo Estado que virá a ser representado recorrentemente como imperfeito, decadente, desperdiçador ou incompetente. Ideias a merecerem revisão completa em capítulo mais abaixo onde se procurará mostrar que transformação de Portugal de território central do Império romano em território periférico da Europa cristã moderna foi um fenómeno pan-europeu, guiado pelas forças, agora sim, identificadas por Charles Tilly, e não meramente regional.
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