Há 200 anos, uma revolta militar, seguida de várias manifestações de apoio político instituído e popular pôs fim a um dos últimos regimes absolutistas da Europa ocidental. Mais do que descrever o rol dos acontecimentos, aliás bem conhecidos graças ao trabalho de muitos nossos antepassados, coloquemos a questão de explorar as perguntas que os historiadores podem colocar perante tão importante alteração de regime político, a nível nacional. Porque se deu a Revolução de 1820. Como ficou consagrada na História? Porque foi bem-sucedida e duradoura no tempo?
Para responder a estas questões podemos seguir duas vias, não necessariamente mutuamente exclusivas, mas seguramente ambas muito trabalhosas -- a0 contrário do que as autoridades científicas deste país ainda algo atrasado parecem mostrar acreditar, o trabalho de História faz calos. À primeira via segue o caminho do estudo das demais revoluções liberais europeias e americanas- Na verdade, em Portugal. Como no resto do mundo ocidental, em 1820, o iluminismo impunha novas regras de acção política, obrigando a uma maior intervenção do individuo e a uma menor intervenção da fé e era isso que o liberalismo da “revolução” prometi a. Acresce que o iluminismo já suportava mal o miserável tráfego de escravos e a escravatura, temas prementes a que0 absolutismo era, grosso modo silencioso,, restando o liberalismo como escape para as mentes mais abertas e letradas.
A segunda importante via de estudo da Revolução portuguesa de 1820, também importante, é a que segue o caminho da contextualização com outras revoluções políticas nacionais, em concreto, com as igualmente bem-sucedidas de1910,1926 0u 1974. Esta via de estudo tem sido , dado o grande abandono a que história nacional tem sido votada, mas é importantíssima, tanto mais porque nos leva a uma conclusão geral de grande relevância. É ela que momentos de desenvolvimento social e industrial levaram a momentos de mobilização política altamente frutuosos. Uma lição de um país europeu não necessariamente especial para ser levada para o resto da Europa.. Esta via do confronto com as demais revoluções nacionais também mostra a importância do excesso de custos do Império, nas suas várias configurações, na hora da decisão sobre a revolta contra o poder instituído. A continuar (...)
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