O que se segue é apenas mais ou menos, mas tem fundamentos. É assim. O FMI nasceu em 1944, em Bretton Woods, uma conferência feita sob a liderança do Reino Unido e dos Estados Unidos para preparar uma nova ordem internacional, a seguir ao fim da guerra. Era preciso dólares para ajudar à recuperação do comércio internacional. Sem uma moeda aceite por todos, o comércio só podia ser feito entre parceiros que pudessem equilibrar as respectivas trocas. Franceses com ingleses, belgas com holandeses e por aí fora. O dinheiro do FMI era pouco, não chegou e, três anos depois, o governo norte-americano estabeleceu o Plano Marshall que fez o que aquela instituição não conseguiu fazer, indo até mais longe, pois a ajuda Marshall obrigou os países receptores a abrir fronteiras. Entre 1944 e algures na década de 1960, o FMI virtualmente não existiu, serviu para muito pouco. Bretton Woods acabou em 1971 (ou 1973), mas o FMI continuou. Ao que consta, porventura em arquivos ainda mal explorados, algum governo dos Estados Unidos quis mesmo acabar com ele. O mundo já não precisava de dólares ou de outras moedas fortes vindos de uma instituição internacional, pensaram. E não precisava muito. Mas, entretanto, lentamente, ao longo da década de 1960 e seguintes, o FMI reinventou-se - juntamente com a instituição irmã, o Banco Mundial -, passando a concentrar-se nos países em vias de desenvolvimento com problemas de financiamento externo. Com os claros maus resultados das intervenções e a democratização do mundo, foi sendo cada vez menos chamado a intervir. Pelo meio, a seguir à crise do petróleo de 1973, houve umas discretas intervenções na Europa, nomeadamente, em Portugal, na Grã-Bretanha e em Itália. E pouco mais. Finalmente, chegou a crise financeira de 2007 e a Europa de Merkel lembrou-se do FMI, que foi chamado a fazer o que não fazia no mundo avançado há décadas. Foi um novo fôlego da instituição, mas que está agora novamente a desaparecer. É nesta nova fase de desaparecimento que a instituição se agarra ao pouco que ainda tem, que não é muito mais do que alguns jornais e jornalistas portugueses e, quem sabe? romenos ou búlgaros, e uma grande máquina de comunicação que dispara "press releases" por todo o lado. É a vida. Mas, na verdade, é uma instituição arcaica, sobre-dimensionada, sem rumo, e que custa mais do que rende. E com um passado promissor. Devolvamos a instituição a Bretton Woods, portanto.
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