Sem nomes, sem particularizar, sem meias intenções, generalizando que é isso que é necessário. E sem meias palavras. Hás uns tempos, uma empresa altamente dependente do Estado foi privatizada. Logo a seguir, os novos donos escolheram um conselho qualquer, "não executivo", obviamente, que foi todo preenchido com gente afecta ao governo que privatizou. Um erro, pois normalmente divide-se o bolo, dado que a democracia tem das suas coisas. Durante anos que se seguiram, uma lei não foi cumprida pelo governo que privatizou porque essa lei traria custos para a empresa privatizada. Mudou o governo, mudaram-se vontades e a lei foi finalmente aplicada. Entretanto, pelos vistos, o novo governo deixou de ouvir o tal conselho "não-executivo", de tal forma que foi preciso que este apanhasse aquele num "evento", para tentar o diálogo. Mas a coisa foi apanhada pelas câmaras e nós ficámos a saber. É isto que deve ser feito, fechar os canais de influência. E são muitos, pois há muitos "eventos" que misturam políticos e empresários, há muitas "ocasiões". É preciso evitar contactos excessivos, mas também é preciso deixar canais abertos para a troca legítima de informação, entre sector público e sector privado. O equilíbrio não é fácil. Moral da história: é tempo para acabar com os cargos "não executivos" oferecidos a políticos; e é tempo de os políticos deixarem de ter canais directos para os cargos "não executivos". Portugal, espera-se, hoje avançou um bom passo. Que haja energia para continuar. E espera-se que agora as televisões não venham "explicar" o que aconteceu pois mais claro do que foi não podia ter sido. Mas também posso estar muito enganado.
Comments