Isto não vai passar tão depressa. É mesmo melhor desistir de explicar, dizer que sim e fazer tudo como planeado, mesmo que o pessoal não queira perceber. "Governo vai cortar 1400 milhões ao défice", "Economia não vai crescer em 2017", "IVA vai ter de subir", "A reversão dos cortes vai ter de ser compensada", "Bruxelas diz que o Governo português tem de [qualquer coisa]". Estes são os cabeçalhos dos últimos dias e serão os cabeçalhos dos dias que aí vêm, agora que o Governo tem de apresentar o Plano de Estabilidade e Crescimento. Os autores destes cabeçalhos ainda não quiserem perceber o que está em causa. Em toda a Europa estas coisas são assim mas só em Portugal levam a estes cabeçalhos. Achamos mesmo que o Governo sabe o que se vai passar em 2017? E a Comissão? Ou o FMI? Aquilo é um Plano, um plano, e é um plano político. Não é economia. A economia é aquilo que está à espera de deixar de ser assustada e que, naturalmente, cada vez lê menos notícias. O que faz sentido, porque estes cabeçalhos são políticos, não económicos ou financeiros. Não é fácil perceber porque não se sai desta linha, mesmo nos melhores jornais. Uma razão será alguma incompetência. Ou algum medo. Interesses já não são, seguramente, pois já ninguém liga a Passos que era quem mais poderia ganhar com esta conversa. Será de facto alguma falta de competência para se entenderem estas coisas europeias. A prova final? Leiam o que Rebelo de Sousa anda a dizer. De certa maneira, para nossa melhor informação, foi bom ele ter passado da TVI para a presidência. E leiam-se ainda os "mercados", de hoje por exemplo.
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