Ontem, Marcelo Rebelo de Sousa esteve impecável na comunicação que fez ao país a propósito da promulgação do Orçamento de Estado de 2016 (ver também aqui). Não é preciso dizer porquê, porque toda a gente seguramente o percebeu. Mas vale a pena notar duas ou três evidências: com a escolha da hora, retirou dramatismo, com a escolha do tom, mostrou proximidade, com a escolha do que disse, mostrou equilíbrio. Mas como é que isto aconteceu neste país tão desgraçado durante os últimos quatro anos? Como foi possível passar tão depressa do disparate continuado para esta sensatez contagiada? Será Sol de pouca dura? É preciso pensar bem nisso para que mau não regresse. Se Passos Coelho fosse primeiro-ministro, o Orçamento de 2016 seria um novo orçamento de cortes e de vários milhares de milhões de cortes. Passos não é Passos, é o que as cabeças que pensam por ele são, e essas cabeças têm como modelo, entre outros, o da Grã-Bretanha de Cameron, onde os cortes ainda não pararam nem pararão tão cedo. Costa e este Rebelo de Sousa estão no lado oposto e é preciso ter isso bem firme. Esperemos que o clima continue assim. E vai resultar? É óbvio que sim. A economia só pode seguir a mudança política que se deu. Esperemos que quem decide na economia perceba bem o que está a acontecer e que reaja em conformidade: com este Marcelo e este Costa, o Estado vai deixar de ser um empecilho ao crescimento económico. Com Passos e a sua ideologia de trazer por casa, continuaria seguramente a ser a fonte de incerteza e o travão que tão bem ficámos a conhecer. Parece uma inversão do que mais se ouve nos media? Não, não parece: é. Esses, os media, serão os últimos a seguir a corrente. Espera-se que a sigam mas se não seguirem também já ninguém liga muito.
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