Não sabemos o que vai acontecer. Mas também nenhum jornalista sabe, por equanto. Todavia, podemos desde já adivinhar o que os maus jornalistas - felizmente há também os bons - vão dizer. Vejamos. Está em curso uma negociação entre um pequeno governo da periferia do euro e a Comissão Europeia. A negociação está sob vários tipos de pressão política. No país, há um governo minoritário com uma aliança nova e, externamente, há uma situação política em que o partido dominante do Parlamento, que nomeou a Comissão, tem de fazer frente a oposições em França, Espanha e Itália. Complicado? Não, tudo muito legível para quem segue estas coisas. Incluindo, claro, para os jornalistas, bons e maus. Ora, essa dura negociação vai acabar não com um acordo ideal só para uma das partes, mas com um acordo que satisfaça as duas partes. É uma negociação. O acordo final vai implicar, portanto, cedências das duas partes. E já se está a ver o que o mau jornalismo vai dizer. Basta olhar para trás para ver o que vem aí. Vai dizer que o governo português cedeu, aumentou impostos e que afinal não acabou com a austeridade. Vai ser isto, se é que não está já a ser. Entretanto, como se vê, o problema é essencialmente político, não económico ou financeiro. E de qualidade de jornalismo.
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