Como se explica que o trabalho de uns técnicos de segunda linha sobre umas coisas de que pouco sabem e com uns palpites já longamente desautorizados pelos seus próprios superiores chegue à abertura de telejornais de um país avançado como Portugal, ainda em 2016? Haverá, talvez, uma explicação com uma parte histórica, uma atávica e outra psicológica. Ensaiemos, então. A parte histórica é que a subida aos telejornais serviu os propósitos do anterior Governo e seus apoiantes, económicos e políticos. A atávica é que essas coisas demoram a ser ultrapassadas: afinal, se houve quem desse tanta importância a tal coisa, deve ter havido uma razão e por isso deixa lá ver mais uns tempos se a coisa é mesmo importante. Por último, a parte psicológica terá a ver com a dificuldade que os seres humanos muitas vezes têm em abandonar convicções ou em substituí-las por outras. Mas chega, não? Bem sei que Portugal tem um grande empréstimo do FMI e que esse empréstimo tem de ser formalmente monitorizado. Mas é só isso e o resto é gente a fazer um trabalho técnico, sem grande interesse. O facto de terem feito agora um relatório logo desactualizado porque não têm acesso ao que de importante se passa, entre Lisboa e Bruxelas, tornou a coisa até um pouco triste. Chega, não? Parta-se para outra. Avance-se na qualidade dos conteúdos e do debate.
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