O ministro das Finanças não está a fazer nada de novo e isso é bom. Em 1978 e 1979, Vítor Constâncio, primeiro, e Jacinto Nunes, depois, fizeram exactamente o mesmo, negociando menos austeridade com o FMI. Os técnicos do dito não gostaram, mas o Conselho de Governadores, o órgão político máximo, com a Alemanha, então muito simpática a Portugal, à cabeça, acolheu as pretensões do governo português. Aliás, Centeno é herdeiro de uma tradição dentro do Banco de Portugal. Não há banco central que se preze que tenha só falcões, e o de Portugal não é excepção. Hoje, Ferreira Leite deu também ares de que não está preocupada, pois sabe de tudo isto. O que é novidade são as descaradas campanhas televisivas contra as pretensões do Governo. Tão descaradas que não me canso de falar delas. Tudo isto é fácil de saber. O que é mesmo difícil é perceber porque é que as televisões está tão preocupadas com o "socialismo". Não se entende, francamente. Podiam ser "interesses" mas o absurdo vai para além disso. Já parece quase uma questão de honra em risco. Ninguém por aquelas bandas quer dar o braço a torcer quanto às erradas convicções dos últimos quatro anos. Fora isso, tudo vai correr bem e o melhor mesmo é não ligar e seguir em frente, como um Governo deve fazer. O Orçamento Centeno é bom e é o que deve ser. Não é um orçamento "falcão"? Claro que não. É um Orçamento "pomba" e é isso que tem de ser. Haverá ajustes, haverá problemas, mas o caminho é este. As televisões que falem à vontade, que se cansem à vontade.
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