Às vezes, muitas vezes, as coisas mais importantes são as mais difíceis de perceber. Está tudo preocupado com o efeito das políticas do putativo Governo PS no equilíbrio das contas públicas, mas esse problema é menor e se calhar nem é um problema. O PS vai simplesmente fazer uma redistribuição do rendimento, facilitada pela recuperação da economia europeia que já está a caminho. Em suma, tira daqui para pôr ali e isso não tem grande ciência por trás, embora tenha muito trabalho de contas. O máximo que pode acontecer é que haja algumas centenas de milhões de euros a mais na despesa que não sejam compensados por mais receitas. Mas é pouco dinheiro. Recordemos os últimos chumbos do Tribunal Constitucional que não só passaram sem grande alarido, como nunca chegaram a ser compensados por aumentos de receita, e não houve um agravamento do défice em percentagem do PIB. Porquê? Porque foi tudo compensado com umas pequenas décimas a mais de crescimento da produção nacional, do PIB. É bom lembrar estas coisas para se perceber melhor como as economias funcionam. O défice das contas públicas não será o problema, se tudo se mantiver como hoje, e menos ainda se a economia crescer um pouco mais. O grande problema será o défice externo que esse crescimento económico trará e que terá de ser controlado e ninguém sabe como fazê-lo ou está disposto a pensar no que deve ser feito. Trata-se de uma questão fundamentalmente política, já que a Europa do euro achou que não devia ligar a défices externos e apenas a défices públicos, por erro (ideológico) de desenho. Mas alguma coisa terá de ser feita. Percebe-se? Se calhar não tanto assim, mas mesmo não se percebendo bem pense-se que é algo muito mais importante. E preocupante. Acho.
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