Há um tratado qualquer que obriga o Governo a apresentar em Bruxelas, até ontem, o Orçamento de 2016. O Governo, afinal, parece não ser lá muito de tratados internacionais. Por que não o apresentou? E por que não abriu as contas ao PS? Olhando para o que se passou nestes anos, podemos especular à vontade. As contas do Orçamento estão todas enganadas, por causa das eleições, e Passos estava à espera de ser novamente Governo para depois fazer pressão sobre o PS com a urgência de apresentar um Orçamento de "rigor" em Bruxelas. Pelo menos foi com esse tipo de inteligência subtil, por assim dizer, que fomos governados durante quatro anos. Incluindo vários chumbos no Constitucional, vários Orçamentos rectificativos, enganos infelizes, contas sem contas, ideologia até dizer chega, e ataque a tudo o que mexe e é fraco. Há um desejo que Costa se demita, que venha Assis, e que se passe uma esponja por cima disto tudo. Mas não pode ser assim tão simples. E que tal uma outra via? Com tanto argumento disparatado por aí, segue-se aqui mais um. Por que fizeram uma coligação à direita? Para ganhar mais uns deputados? Ou para governar? Se não deu, então, na verdade, Passos pode muito bem demitir-se, libertar o PSD do radicalismo que encarnou e do CDS; de seguida, um novo líder verdadeiramente social-democrata oferece ao PS a formação de um governo ao centro. Se houver um Governo de "esquerda", ele foi feito por Passos. Em todos os sentidos.
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