Embora nos começos seja obrigatório dizer que todas as perguntas são boas, a partir de um certo nível e sobretudo quando se trata de assuntos sérios, já se pode falar de perguntas mais ou menos inteligentes. Ora, uma pergunta a que se possa responder: "se o meu tio tivesse rodas era uma camioneta", não é, por definição, uma pergunta inteligente. A pergunta que logo vai dar o mote a um programa de televisão leva, precisamente, a uma resposta do tipo "rodas". É uma pergunta sem prova, de resposta impossível, implica um cenário alternativo impossível de montar. Não é inteligente. Ora, as perguntas não-inteligentes ou são feitas por pessoas pouco inteligentes ou têm outros propósitos. Por exemplo, eleitorais. Ao partir da dita pergunta, o programa está desde logo ensombrado por esse dilema. Pois e o que dizer mais? Nesta altura e no contexto em que vivemos, de derrota do PM num debate, não é arriscado afirmar que o programa foi montado por motivos eleitorais, e por simpatizantes de quem fez inicialmente a pergunta. Quem participar nele, mesmo que não comungue dos mesmo motivos, tem o ónus de ir falar sob uma pergunta marcada. Tanta coisa para dizer que logo o país vai ficar mais pobre. Espera-se que esse logo passe depressa para a História. Bem, ainda há a esperança de que pelo menos um dos intervenientes vire o bico ao prego. Mas duvido que tenha força, pois estas armadilhas - eleitorais - costumam ser muito bem montadas. Tenho pena, francamente.
PS: Só vi o programa até às 23h05 e a mão foi emendada, a começar pelo texto de apresentação, continuando com as intervenções desinteressadas. Assim, vale a pena.
Comments
You can follow this conversation by subscribing to the comment feed for this post.