Se virmos bem, dizer mal dos "políticos profissionais" é uma moda, mas uma moda que serve àqueles que preferem que os deputados, secretários de Estado e ministros sejam recrutados nos bancos, nas empresas ou nos "escritórios de advogados". Todavia, as democracias avançadas vivem, sobretudo e preferencialmente, do contrário disso mesmo, vivem de gente que se dedica à política. António Costa, com as listas que fez para as eleições legislativas - e na leitura de um leigo -, mostrou que quer gente que deixe tudo o resto para se dedicar à política. Mesmo que sejam independentes. E ainda acrescentou uns detalhes sobre declarações de rendimentos ou conflitos de interesses. Deu para gostar. E deu também para gostar os sinais que as listas dão relativamente a alguns possíveis membros de um possível próximo governo, pois há nelas pessoas amiúde consideradas ministeriáveis e com potencial. Muito bem. Ora, quem vai apreciar mesmo isto? A coisa está mesmo renhida. Passos Coelho anda muito bem disposto e as intervenções televisivas têm-lhe saído bem. A boa-disposição deve vir das sondagens (incluindo algumas que terá mandado fazer), mas o jeito de responder a coisas que lhe são aparentemente adversas vem de outros lados, vem de uma aprendizagem que, temos de reconhecer, está a dar os seus frutos. E, claro, não se incomoda nada quando, com todas as letras, diz grandes inverdades. Inverdades sobre o que disse no passado, sobre o que fez em quatro anos, sobre factos, sobre estatísticas. Tudo cada vez mais às claras. É o outro lado da política profissional. Esperemos que a boa expulse a má.
Comments