Copérnico, Galileu, Newton, Edison, Marie Curie, Einstein, todos estes nomes estão associados a grandes avanços na ciência. Pensaram, investigaram e chegaram a conclusões que mudaram a forma como os homens pensam, trabalham e vivem. Há algum economista a colocar numa lista assim? Dificilmente. Os grandes avanços da economia mundial fizeram-se à revelia do conhecimento económico. A Revolução Industrial aconteceu sem que ninguém a tivesse moldado; a grande expansão das Américas no século XIX fez-se à revelia de qualquer ideia económica central; e o mesmo aconteceu com o milagre de crescimento económico europeu a seguir à segunda Guerra Mundial. A mão invisível de Adam Smith ajudou a pensar, mas não previu que 100 anos depois da Revolução Industrial a Alemanha ultrapassasse a Grã-Bretanha, e muito graças ao proteccionismo e à intervenção estatal (nem sempre simpática). A ideia de comércio livre ajudou mas não fez da América a América, nem o sucesso das primeiras décadas da CEE. É impossível ter os instrumentos necessários para se saber por onde as economias vão. Podem ter-se umas ideias e avançar com umas contribuições, mas pouco mais se consegue. É preciso saber ouvir quem está no terreno. É por isso que as democracias são a forma mais bem-sucedida de governar as economias. Em democracia, ouve-se quem sabe. Todos sabem isto. Incluindo Schäuble, o todo-poderoso ministro das Finanças. Um político de décadas, experiente, que nada sabe de economia. Obviamente. O que surpreende é haver tanta gente a pensar que o que está a ser imposto à Grécia decorre de uma análise económica, ainda por cima melhor do que qualquer outra. Não, não decorre. Decorre da política. E quem desenhou o euro fez um péssimo trabalho de economista. Sabemos hoje. Ao contrário do futuro, é fácil avaliar o passado. Construíram uma armadilha. Passos está lá preso, como os demais colegas partidários por essa Europa fora. E Costa, como os demais socialistas europeus, está a olhar para a armadilha, sem coragem para fazer o que é necessário. À espera que os economistas lhes dêem uma contraproposta, que não vão dar, porque não existe. É preciso política. Soares disse um dia que não teria pedido a adesão de Portugal à CEE se tivesse seguido os conselhos dos economistas nacionais da época. Não seguiu, claro. É isso que a Grécia está a fazer. Os socialistas europeus vão ter de aceitar não terem tido a coragem de avançar e devem aproveitar o parco caminho agora desbravado pela esquerda mais à esquerda. Quanto mais depressa o reconhecerem, melhor para todos - e não só para os que está a pagar mais pelos erros.
PS: Interessantemente relacionado.
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