Um dia ouvi e nunca mais esqueci isto: "Há os que pensam e não escrevem e os que escrevem e não pensam". Não é fácil conseguir o equilíbrio entre pensar e escrever. E é por isso que às vezes este blogue tem acessos de consciência. Vale a pena escrever sobre a nomeação do comissário europeu português? Sim, mas para quê? E sobre a mudança de opinião do Governo relativamente ao BES (sim, do Governo: quem muda o nome de algo que vai vender dois meses depois?), mudança a favor do "sindicato dos banqueiros", como se dizia no século XIX? Ou sobre as hesitações do mesmo Governo relativamente aos impostos, pois quer descer os dos "ricos" e manter os dos "pobres", mas está com vergonha de o fazer às claras? Ou sobre o espartilho em que se pôs relativamente ao salário mínimo, entre os conselheiros que não quer zangar e a insofismável necessidade de um aumento digno? Ou sobre o fim anunciado do cavaquismo e o risco de estar a ser substituído por algo de pior? Sim, vale a pena escrever sobre tudo isso. Mas é preciso pensar em objectivos gerais. Este blogue não pode ser uma parede para atirar pensamentos rápidos ou quejandos. E é por isso que volta e meia pára. Por vezes sem grandes resultados, diga-se, pois já parou outras vezes e voltou ao mesmo ou quase. Talvez uma mudança de formato ajude, e pensa-se nisso também. Enfim, com os devidos pedidos de desculpas aos leitores, que estarão mais interessados no resultado do que no processo. Mas, na verdade, às vezes é preciso pensar para escrever, sem deixar de escrever para pensar...
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