Uma recente entrevista que um primeiro-ministro de um país da periferia europeia que foi resgatado deu a um canal de televisão norte-americano só pode ser vista como de alguém que está a leste. Não quer "quantitative easing"? O primeiro-ministro de Portugal não quer "quantitative easing"? E ainda acrescenta que o BCE "não tem como missão melhorar (sic) a retoma económica." Onde vai ele buscar estas coisas?, perguntar-se-ão os que não sabem o que se passa. E o que se passa? Bem, na verdade não sabemos bem. Mas sabemos que estas palavras só fazem sentido se concluirmos que Passos continua a receber instruções de fora do Governo, pois lá dentro ninguém conhece estes temas. Incluindo ele, claro. Não há dúvida de que estamos muito mal entregues e que é preciso fazer qualquer coisa. Entretanto, há uma preciosidade na reportagem que acompanha a entrevista: é que nos diz claramente que Portugal, ao sair do programa, está livre da troika, o que é verdade, como muitos por aí já repetiram. Uma contradição menor perante tanto disparate. Logo, é tudo responsabilidade do Governo, aliás, como sempre. Com tal conversa, o primeiro-ministro de Portugal aparece na imprensa internacional mais "falcão" do que Draghi . É de se tirar o chapéu a quem, manobrando por trás, consegue tal coisa.
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