Um dos argumentos de quem é "contra" a reestruturação da dívida portuguesa (as aspas é porque ninguém é mesmo contra) é que ela já foi feita há uns tempos, quando os empréstimos da troika passaram dos 5 para os 3%, em média, e os prazos foram alargados em sete anos. Esta posição é um bocado estranha, pois os mesmos nada disseram na altura. Mas o que já ficou na história não é isso. É que essa reestruturação foi feita com o governo português a reboque do irlandês, que foi quem a pediu, e pediu um arlargamento de 15 anos e não de sete, e o então ministro das Finanças português declarou veementemente que 15 anos era mau e só sete é que deveria ser. Este blogue tratou disso, mas em muito lado se poderá encontrar essa declaração. Entretanto, o governo irlandês anda mais silencioso, talvez porque por lá já se pensa no pagamento antecipado dos empréstimos da troika, sobretudo dos do FMI, o que ainda não foi feito porque ainda há uma cláusula das castigadores que obriga a pagar tudo em proporção, independentemente das condições. Os juros do FMI são mais altos e estão acima dos juros que a Irlanda consegue no mercado, mas o seu pagamento antecipado obrigaria ao pagamento antecipado proporcional dos empréstimos dos fundos europeus, o que já não convém tanto. Confuso? - É feito assim de propósito. O estranho no meio disto tudo é que "reestruturação" é uma palavra de todos os dias na Irlanda, e os juros vão baixando mesmo assim. Será que os investidores internacionais são gente com testa que gosta de opinião pública esclarecida? Não, deve ser porque falam inglês...
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