Cavaco Silva vai ficar mal na História. Ao Orçamento inflacionista de 1980, para fazer a AD ganhar as eleições, à proximidade de gente de comportamentos financeiros ilegais, junta-se agora o indefectível apoio ao Governo de Passos Coelho. Um Governo que tem apenas um ministro, talvez dois, no máximo, que tentam governar alguma coisa, e em que tudo o resto está ausente. Um governo que não tem Ministro das Finanças, em que as Finanças são guiadas na sombra, pelo respectivo ex-ministro. Um Governo que tem um Vice-PM que insultou o País com um documento inqualificável. Ao apoiar tudo isto, com o pretexto do resgate, pretexto que já só os desesperados defendem, Cavaco Silva vai acabar a sua vida política como sinónimo do pior de 30 anos de Democracia deste país. É grave, do ponto de vista das instituições e do prestígio do regime democrático. Mas o país não é isso, o país não merece isso. A questão da alternativa já não é saber o que fazer, mas sim quem o pode fazer. Costa devia ter ido à luta no PS, há dois anos, e não foi. Agora, é mais popular do que Seguro, que foi à luta. Para avançar na consolidação democrática do país, os dois têm de se entender, o que é fácil pois serão muitas as funções políticas importantes a preencher. O lugar de Primeiro Minsitro, por exemplo, será tão importante como o de Ministro das Finanças, que não precisa para nada de um "técnico". Entendam-se e defendam-se de quem não quer esse entendimento, de quem quer continuar a mandar no país sem ir a eleições, de quem se protege da crise através de amizades políticas. A democracia portuguesa precisa de afastar os interesses, precisa de mais política, não de menos. Mais fácil de dizer do que de fazer, mas eles não são pagos só para dizer coisas fáceis.
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