Noto uma certa dificuldade em muita gente em dizer mal destas eleições. É que elas foram mesmo boas. Desde o independente que ganhou no Porto e que agora é que vai ver o que são elas, aos fins anunciados ou efectivos do Jardinismo, do Mesquitamachadismo ou do Menezismo, à derrota dos candidatos impostos pelos centros partidários, à interessante participação de uma data de gente, num processo que anda sobre rodas e que será a inveja de muitos centralistas, tudo correu mais para o bem do que para o mal. Ok, o tipo de Oeiras ainda sobreviveu e haverá outros casos afins. Mas não chegam para dar a volta. Todavia, as pessoas não desistiram de encontrar os males e até chegaram aos votos brancos e nulos - e, sim, foi bem feito que tenham subido - e à abstenção. Mas, quanto a esta, as perguntas são: - Como é que alguém com informação em cima da mesa ousa fazer um comentário sobre uma abstenção de 47%, quando sabe que ela foi isso menos uns 9%? É que 38% é diferente de 47%.- Será porque no resto da Europa também há essa discrepância entre cadernos eleitorais e eleitores, ao que parece da ordem dos 10%, isto é, 9.502 mil contra 8.608 mil? Duvido. - Não há maneira de o legislador acabar com isto e simplesmente definir a contagem da abstenção de outra forma, para dar a verdadeira imagem do interesse do povo nas eleições? E finalmente, última pergunta: - A quem interessa mesmo a depreciação da vida política? Esta é fácil: - Interessa aos interessados em governos "técnicos" e em ministros e secretários de estado vindos da "vida real", dos grupos de interesse, isto é. Nada é perfeito, mas estas eleições foram muito melhores do que piores. O resto é conversa e venham as próximas.
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