...agora passou-se à fase de discutir os defeitos e as qualidades do já tristemente famoso "relatório do FMI". Quase todos dizem mal, alguns dizem bem, até porque seguramente há lá coisas boas, como em qualquer trabalho deste tipo, mas dificilmente será recordado. Todavia, note-se que o problema não é a qualidade do relatório, que até podia ser exímio. O problema é o Governo ter a ideia de cortar aquele dinheiro que diz que quer cortar, não explicar como chegou a esse valor, nem sequer aflorar as consequências macroeconómicas do gesto e, grave do ponto de vista político, usar uma entidade externa para se apoiar na sua escolha. Infelizmente para o Governo, todos os truques foram descobertos. Infelizmente para nós, não será isso que o vai fazer mudar de ideias, pois não tem outras. Do ponto de vista intelectual, não se compreende como alguém consegue defender dois erros seguidos sem pestanejos: o de ter ido para além da troika, em 2012, e agora, para cobrir esse erro, o de ir para além de tudo o que ainda mexe. O Governo quer reduzir o consumo e o emprego e, em consequência, reduz a confiança e o investimento, e agrava novamente o défice e a dívida.
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