No outro dia, alguém, muito atento, pedia-me para explicar a crise e como resolvê-la, o que se podia fazer. E eu lá falei do sistema financeiro, em todo o mundo, em crise, com medo, retraído, que não investia e que a economia estava seca mas que depois os governos, na América, na Grã-Bretanha, na Suécia, no Japão, etc., lá resolveram despejar dinheiro na economia, pois os estados fabricam dinheiro e, como não há inflação alta, não há grande perigo, e, como o dinheiro não é deles, não têm medo e, entretanto, também tomaram conta de alguns bancos importantes para que estes não fizessem trapalhadas. E as economias lá iam reagindo a mais financiamento, recuperando lentamente, sob a batuta dos mercados, como deve ser, etc. Quando apareceu a pergunta: E na zona euro?.... Na zona euro, comecei por responder, havia a Alemanha, que não deixava fazer o mesmo, mas... pensei alto, e a Alemanha, como se tem safado sem dinheiro caído do céu? Fiquei uns tempos sem resposta, pois nunca tinha pensado nisso, hesitei, quase a mudar de conversa, quando me lembrei, talvez pela primeira vez, que por terras alemãs também tem havido helicópteros de dinheiro e bem grandes: do dinheiro que vai dos bancos da periferia para os bancos alemães (e para os de outros países do Norte da Europa). Se esta interpretação for correcta, então estamos mesmo tramados, que eles não vão largar essa borla tão cedo. A não ser que sejam forçados pela Europa que lhes manda o dinheiro, com votos ou com ameaças de fim do euro. Mas posso estar enganado e desta vez a possibilidade é talvez maior do que o costume.
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