Uma das coisas de que gosto mais é de mudar de opinião. Ter sempre a mesma é uma grande seca. Pressinto que Pedro Santos Guerreiro comunga do mesmo sentimento, e tentou. E confesso que tenho recorrentemente tentado o mesmo, até por respeito intelectual pelo ministro das Finanças. Mas a minha economia não deixa (aliás, a leitura do FT, do WSJ e quejandos, também não deixa). E sabem porquê, caso vos interesse? Ponhamos a coisa numa só pergunta: o que é que vai garantir, uma vez o "ajustamento" feito, que Portugal não cresça como cresceu antes? Um polícia à porta de cada português? Como se pede aqui? Pois, a premissa do programa em curso de que a culpa foi da política, das mentalidades e de outras coisas dos modelos pouco explicativos e muito fáceis, está, simplesmente, errada. A "culpa" é do funcionamento de uma economia aberta, pobre e periférica, que precisa de financiamento externo para crescer - ou então não cresce -, e que está numa união monetária (ou próximo de uma união monetária, pois a Hungria também não escapou). Como sou dos poucos lá da loja a pensar assim, era mesmo reconfortante poder mudar de opinião. Pena.
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