Só li em diagonal e fui logo ler o que Silva Lopes diz, pois é de quem mais gosto e, claro, há lá razões fortes. Como em outras partes. Não há dúvida de que é um exercício extremamente bem feito. Sem dúvida que vou ler com mais atenção. Ainda antes de abrir, estava a pensar escrever algo intitulado "Desisto". Mas a leitura em diagonal mostrou-me já algo que continua a não estar certo, afinal. Muito do que lá vem é correcto. Há lá raciocínios económicos intocáveis, impecáveis, o que não espanta vindo de alguns dos economistas mais importantes. Mas há um pressuposto de base que não tolhe, que para mim é antigo, ultrapassado. Todos falam de Portugal, Portugal isto, Portugal aquilo. O pressuposto errado é esse: Portugal já não existe (ou quase). E espero que não volte, pois só volta com proteccionismo. E há por lá laivos de proteccionismo, na verdade. Contudo, o que existe já não é Portugal, mas uma região da Europa, uma região pobre da Europa. As regiões pobres de zonas ricas devem ser mal-comportadas, financeiramente, isto é. Há pelo menos três exemplos recentes de sucesso, sempre relativo, de regiões pobres mal comportadas: Irlanda, Andaluzia, Alemanha de Leste. Estão outras na calha, na Europa de Leste. Portugal (ou isto que por aqui ainda existe) deve embarcar nesse barco. Não quer dizer que não se pense mais uns metros. Mas apenas uns metros. E não se deite fora o bebé com a água do banho, pois há trigo e joio nos investimentos projectados. É preciso não ter medo de ser bom aluno por vias não tradicionais.
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