Está tudo muito preocupado, segundo ouvi dizer. Há muitas razões para isso: a crise vai ser grande em Portugal, sendo periférico; a disciplina do Euro vai obrigar a apertar o cinto durante muito tempo; o primeiro-ministro corre o risco de ser feito arguido; e mesmo o presidente está com dificuldades por causa de um conselheiro de Estado e o PSD também não anda tranquilo por causa do BPN. Um quadro político deveras negro. Com tudo isto, a esquerda mais à esquerda está a ganhar pontos. Há sinais de esperança todavia, mas poucos. Talvez a UE venha a ajudar os mais pobres. Agora fala-se da Europa Central que está ainda pior e que sempre merece mais atenção, mas talvez Portugal ganhe por tabela. E há eleições à porta que podem clarificar o quadro político. E se o BE chegar ao poder? Bem, essa é uma fonte de preocupação mas pode ser que nem tudo seja mau. Todos quando chegam ao poder crescem e tornam-se mais responsáveis. Aconteceu com o presidente Lula da Silva - embora não com os populistas dos países vizinhos. Portugal tem uma democracia consolidada e nada indica que o BE não seja capaz de seguir o exemplo do PT. Eu preferia que não tivéssemos de passar pelo ensaio. Mas não será o fim, não senhor. Agora, se os esquerdistas chegarem ao poder, não venham com a tese de mudança de regime económico, como muitos andam a propagar. O regime económico - se é que isso existe - não vai mudar. Vai haver ajustes mas não vai mudar. Quem tanto pensa nesta crise como o fim de um paradigma não se pode esquecer que a pior crise desde 1929 não foi esta (por agora) mas sim a de 1989. A actual crise está a obrigar a ajustes importantes, mas não será o fim da História. Lembram-se dessa ideia? E lembram-se como ela foi facilmente desmontada? Convém que se lembrem. Sobretudo se chegarem ao poder.
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