Ontem fui a uma loja de electrodomésticos de manhã e estava uma televisão ligada com um homem a perguntar se já havíamos recebido o reembolso do IRS, para acrescentar: - Não espere mais! Seguindo-se um flash com a designação I.R.YES!. Trata-se de um anúncio de empréstimos até 5.000 € com prestações de 152,25 € por mês da empresa Capital +. Entretanto, uma outra empresa deste tipo de créditos, a Cofidis, lançou uma campanha na televisão de grandes dimensões, rivalizando com as campanhas tipicamente maiores de telemóveis, carros, etc. O desenvolvimento deste tipo de negócios está intimamente relacionado com a crise e, em particular, com os problemas orçamentais dos menos abastados. Acontece que os menos abastados a quem estas campanhas se dirigem são também pessoas com menores conhecimentos de contabilidade financeira e não sabem desde logo que estão a pagar altíssimas taxas de juro. Este é um caso típico em que alguma autoridade deveria intervir para regular o mercado. É um mercado de subprime logo, como sabemos todos muito bem agora, é um mercado que precisa de muita atenção. Essa maior atenção terá de ser feita pelo ministério das Finanças e pelo Banco de Portugal e eventualmente precisará de nova legislação. Uma pessoa que trabalhou em nossa casa uma vez fez um empréstimo desses para comprar mobília - na própria loja da mobília - e a uma certa altura deixou de pagar. Não é que recebemos uma informação de uma nossa vizinha a denunciar o caso? Alguém tinha falado para ela para fazer pressão. Depois recebi em nossa casa um telefonema de uma "advogada do Banco de Portugal" a dizer que tínhamos de pagar nós por sermos co-responsáveis. Teve azar porque o telefonema veio calhar a um sítio não propriamente ignorante em matéria financeira e a coisa ficou por ali. E quem era a "advogada do BP"? - Alguém de uma empresa que as empresas deste tipo de créditos subcontratam para reaver os fundos não pagos. Pelo menos nos métodos, há ilegalidades por onde pegar. Não se trata de dizer coitadinhos dos pobrezinhos, pois muitos sabem muito melhor do que os abastados como se governarem e imagino o mau nome que estas empresas devem ter junto de muitos. Mas trata-se de moralizar o mercado e defender aqueles que apesar de tudo acabam por cair nestas esparrelas.
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